LIBERDADE RELIGIOSA

10/07/2011 17:56

 

LIBERDADE RELIGIOSA

E INDIVIDUALIDADE

Vs. Babilônia

Por A.T. Jones

 

INTRODUÇÃO

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O DEUS da individualidade e da liberdade não permitirá que o princípio divino e direito à individualidade e liberdade na fé e na verdade, que Ele tem operado tão maravilhosa e constantemente ao longo desses séculos para tornar claro e manter, será sempre combatido e rebaixado, deixado de ser reconhecido e sendo mal represen­tado pela igreja cristã e pelo povo cristão. Não, esta verdade, esta esplêndida verdade, que é a verdade fundamen­tal e coroadora na e para a própria existência da igreja cristã e do próprio cristianismo -- essa divina verdade ven­cerá e assegurará para sempre o seu divino lugar perante o mundo e na igreja. Aqueles que esposam essa ver­dade fundamental e divina da religião e igreja cristã serão, eles próprios, agora e sempre, como foram no princípio, a verdadeira igreja cristã no mundo, e comporão aquela "igreja gloriosa" que CRISTO, que Se deu pela igreja, "santificará e purificará com a lavagem de água pela Palavra", a fim de que por ocasião de Seu glorioso aparecimento "possa a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito".

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Religião é "o dever que temos para com o nosso Criador e a maneira de dele nos desincumbir".

Liberdade "é o estado de ser isento do domínio de outros, ou de circunstâncias limitadoras. Em ética e filosofia, o poder em qualquer agente racional de fazer suas escolhas e decidir por si mesmo sua conduta, espon­taneamente e voluntariamente, de acordo com razões ou motivos".

Liberdade Religiosa, portanto, é a isenção do homem da dominação por outros, ou de circunstâncias limitadoras; a liberdade do homem para fazer suas escolhas e decidir sua conduta por si mesmo, espontaneamente e voluntariamente; em seu dever para com o seu Criador, e no modo de desincumbir-se desse dever.

Uma vez que DEUS criou o homem, na natureza das coisas o primeiro de todos os relacionamentos é aquele que tem que ver com DEUS; e o primeiro de todos os deveres não poderia ser nada mais que o dever para com DEUS.

Suponha-se um tempo em que houvesse somente uma criatura inteligente no universo. Ele foi criado; e seu relacionamento para com o seu Criador, seu dever para com seu Criador, é o único que poderia possivelmente ser. Esse é o primeiro de todos os relacionamentos que possivelmente podem existir. Portanto, está escrito que "o primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, ó Israel, o SENHOR nosso DEUS é o único SENHOR; amarás o SENHOR teu DEUS de todos o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu espírito, e de toda a tua força".

Tudo quanto há da parte de qualquer alma é primeiro de tudo devido a DEUS, pois tudo veio de DEUS. Este, portanto, é o primeiro de todos os mandamentos, não porque é o primeiro já concedido pela palavra falada ou escrita, mas porque é o primeiro que poderia possivelmente ser. E isso devido a ser a expressão do primeiro princípio da existência de qualquer criatura inteligente. O princípio lá estava, inerente à existência da primeira criatura inteligente, no primeiro momento de sua existência; e lá o princípio jaz eternamente, não modificado e sem dissipar-se.

Agora, conquanto esse seja o primeiro de todos os relacionamentos possíveis, e o primeiro de todos os deveres; conquanto esse relacionamento e dever sejam inerentes à própria existência das criaturas inteligentes, contudo, mesmo nessa obrigação inerente, DEUS criou toda criatura inteligente livre --livre para reconhecer tal obrigação ou não, livre para desincumbir-se desse dever ou não, como prefira.

Nesse aspecto, está escrito: "Escolhei hoje a quem servireis". "Quem quiser, tome de graça da água da vida". Assim, é absolutamente verdadeiro que em religião--no dever que temos a cumprir para com o Criador e o modo de desincumbir-nos dele --DEUS criou o homem inteiramente "isento do domínio de outros e de circunstân­cias limitadoras"; criou-o livre "para fazer sua escolha, e decidir sua conduta por si mesmo, espontaneamente e voluntariamente". Assim, a liberdade religiosa é o dom de DEUS, inerente ao dom da própria existência racional.

Qualquer serviço a DEUS que não seja escolhido livremente por aquele que o presta não pode ser de DEUS; porque "DEUS é amor": e amor e compulsão, amor e força, amor e opressão nunca podem caminhar juntos. Portanto, qualquer dever, qualquer obrigação, seja o que for oferecido ou prestado a DEUS que não proceda da própria livre escolha do indivíduo, não pode nem ser de DEUS, nem para DEUS. Nesse aspecto, quando o SENHOR criou qualquer de suas criaturas--anjo ou homem--a fim de que essa criatura pudesse ser feliz no serviço de DEUS, e a fim de que houvesse virtude em prestar serviço ou culto a DEUS, criou-a livre para escolher assim fazer. E isso é individualidade, e o divino direito dela.

DEUS criou o homem livre. Quando o homem pelo pecado foi separado dessa liberdade e a perdeu, CRISTO veio para restaurá-lo plenamente a ela. O caminho de DEUS e de CRISTO, portanto, é o da liberdade. E a obra de DEUS mediante CRISTO com a humanidade em toda a história do mundo tem sido tornar claro esse caminho para dar ao homem a absoluta segurança dessa "liberdade de alma" que é a única verdadeira liberdade. Aquele a quem o Filho torna livre, é verdadeiramente livre.

Nas Escrituras são dadas distinta e claramente seis lições específicas sobre esse tema de liberdade religio­sa--a liberdade da alma individual contra o domínio do homem e combinações de homens nos poderes do mundo. Cada uma dessas lições trata com o assunto sobre um princípio distinto e específico. E as seis lições, tomadas jun­tas, cobrem completamente toda a extensão de cada princípio.

Propomos agora atacar para estudo especial essas seis lições separadamente e em sucessão como dadas nas Escrituras. A luta pela liberdade religiosa não está ainda concluída. A liberdade religiosa completa não é re­conhecida ainda, mesmo em princípio, e muito menos na prática, até mesmo pela massa de cristãos, como é tor­nado perfeitamente claro nas Escrituras.

Vinde, pois, estudemos e tenhamos e estudemos para que possamos ter completa liberdade religio­sa, em princípio e em experiência, como constam nas Escrituras da verdade.

 

CAPÍTULO 1

 

LIBERDADE RELIGIOSA

RELACIONADA COM AUTOCRACIA

 

Na natureza das coisas não há lugar legal para a dominação de outros na vida e nos negócios da alma da pessoa individual. Isso é peculiar e supremamente do domínio de DEUS somente, que criou o homem a sua própria imagem e para a sua própria glória; e quem criou cada pessoa individual e pessoalmente responsável e tendo que somente a ele dar contas.

Contudo, o homem, pecador e rebelde, nunca esteve disposto a permitir que DEUS tivesse o Seu lugar em e com a alma do homem individual; mas tem sempre sido ambicioso e pronto para reivindicar esse lugar para si mesmo, e por todos os meios e instrumentalidades possíveis para tornar essa reivindicação efetiva. A própria his­tória, no que se refere aos princípios gerais e não a detalhes, dificilmente seria algo mais do que uma sucessão de tentativas na maior escala possível de tornar bem sucedida essa arrogante reivindicação do homem pecador e re­belde de pôr-se no lugar de DEUS para dominar as almas dos homens. E nenhuma demonstração maior de que há uma divindade empenhada intensamente em moldar o destino da humanidade poderia jamais ser requerida ou dada do que desde o tempo de Abel até agora é dada na permanente e heróica asserção e manutenção dessa perfeita li­berdade da alma individual pela pessoa individual contra as sutis pretensões e poderosas combinações de força e poder que este mundo poderia possivelmente arquitetar. De Ninrode para Nabucodonosor e de Nabucodonosor até agora o curso e energia do império tem sido inclinado e exercido para esta única coisa. E ao longo de todo esse tempo indivíduos tão magníficos como Abraão, José, Moisés, Daniel e seus três irmãos, Paulo, Wycliff, Huss, Militz, Matthias, Conrado, Jerônimo, Lutero, Roger Williams e multidões de nomes não lembrados, e acima de todos JESUS CRISTO, por divina fé têm sublimemente permanecido sós com DEUS, absolutamente sós no que concer­ne ao homem, pela individualidade e, nessa, a liberdade da alma do homem, e pela soberania de DEUS somente em e acima do território da alma.

O Império de Babilônia abrangia o mundo civilizado, como era então o mundo. Nabucodonosor foi mo­narca e governante absoluto do império. "Tu, ó rei, rei de reis, a quem o DEUS do céu conferiu o reino, o po­der, a força e a glória; a cujas mãos foram entregues os filhos dos homens, onde quer que eles habitem, e os animais do campo e as aves dos céus, para que dominasses sobre tudos eles". Daniel 2:37,38.

Em seu próprio propósito providencial DEUS havia feito todas as nações sujeitas ao domínio do Rei Nabu­codonosor de Babilônia. Jeremias 27:1-13. Na forma e sistema do governo de Babilônia, a autoridade do rei era absoluta. Sua palavra era lei. Nesse absolutismo de soberania o Rei Nabucodonosor presumia ser o soberano das almas, bem como dos corpos, da vida religiosa, bem como da conduta civil, daqueles que eram sujeitos ao seu poder. E uma vez que era o governante das nações, seria regente na religião, e da religião das nações.

Nesse sentido, ele fez uma grande imagem, toda de ouro, com cerca de trinta metros de altura e três de largura, e "levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia". Então convocou das províncias todos os oficiais do império para a dedicação e culto da grande imagem de ouro. Todos os oficiais vieram, e reunidos pos­taram-se diante da imagem.

"Nisto o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós outros, ó povos, nações e homens de todas as línguas: No momento em que ouvirdes o som da trombeta, do pífaro, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda sorte de música, vos prostrareis, e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabuco­donosor levantou. Qualquer que se não prostrar e não a adorar, será no mesmo instante lançado na forna­lha de fogo ardente". E quando os instrumentos musicais soassem o grande sinal para a adoração, todas as "na­ções e homens de todas as línguas" se prostraram para adorar a imagem de ouro. Daniel 3:4-6.

Mas na assembléia havia três jovens hebreus que tinham sido levados cativos de Jerusalém para Babilô­nia, mas que haviam sido designados pelos oficiais do rei sobre os negócios da província de Babilônia. Esses nem se inclinavam nem adoravam, ou doutro modo prestavam qualquer atenção particular ao que se passava.

Isso foi observado e despertou acusação perante o rei. "Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócio da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abede-Nego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti, a teus deuses não servem, nem adoram a imagem de ouro que levantaste". Daniel 3:12.

Então o rei "irado e furioso" ordenou que os três jovens fossem trazidos perante ele. Isso foi feito. O próprio rei agora falou-lhes direta e pessoalmente: "É verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a imagem de ouro que levantei?" O próprio rei então repetiu a ordem de que ao som dos instrumentos de todo tipo de música eles se baixassem e adorassem, caso contrário seriam "no mesmo instante lançados na fornalha de fogo ardente".

Mas os jovens responderam tranqüilamente: "t Nabucodonosor, quanto a isto não necessitamos de te responder. Se o nosso DEUS, a quem servimos, quer livrar-nos, Ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e das tuas mãos, ó rei. Se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses, nem adoraremos a imagem de ouro que levantaste". Daniel 3:16-18.

A questão estava agora claramente estabelecida. O soberano da maior potência mundial havia pessoal­mente expressado a sua ordem diretamente aos três indivíduos; e deles havia recebido resposta declarada de que não se conformariam.

Aquela era uma conduta, e aquelas eram palavras tais como o rei em seu absolutismo de poder jamais tinha deparado. Havia, portanto, um ressentimento pessoal, bem como oficial, nele despertado; e estava tão irado que ficou "transtornado o aspecto do seu rosto" contra os jovens, e ordenou que a fornalha fosse aquecida sete vezes mais do que o costumeiro; e que "os homens mais poderosos que estavam no seu exército" amarrassem os jovens e os lançassem no meio da fornalha ardente.

Assim foi feito. E os três homens, "foram atados com os seus mantos, suas túnicas e chapéus, e suas outras roupas . . . caíram atados dentro da fornalha sobremaneira acesa". Mas foi então que o rei ficou mais assustado do que nunca ficara na vida, e "se levantou depressa" gritando aos seus conselheiros: "Não lançamos nós três homens atados dentro do fogo?"

Eles lhe asseguraram que isso era verdade. Mas ele continuou: "Vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses".

Então o rei aproximou-se da entrada da fornalha e chamou os homens por seus nomes, dizendo: "Servos do DEUS Altíssimo, saí e vinde!" Eles, então, "saíram do meio do fogo. Ajuntaram-se os sátrapas, os prefei­tos, os governadores e conselheiros do rei, e viram que o fogo não teve poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles".

"Falou Nabucodonosor, e disse: Bendito seja o DEUS de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que en­viou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão só seu DEUS".

Aqui, pois, está a situação: O SENHOR havia trazido todas as nações em sujeição ao rei de Babilônia. Pelas mensagens de seu próprio profeta ele havia ordenado a seu povo, os judeus, e àqueles três jovens entre eles, a servirem "ao rei de Babilônia". Contudo, os três haviam explicitamente recusado servir ao rei de Babilônia na­quele pormenor que ele próprio pessoal e diretamente lhes ordenara; e nessa recusa, o SENHOR mesmo havia muito significativamente permanecido do lado deles livrando-os.

Portanto, seria impossível demonstrar mais claramente que o SENHOR, ao ordenar o povo a sujeitar-se ao rei de Babilônia para servi-lo, jamais havia ordenado ou intencionado que devessem sujeitar-se a ele para servi-lo no campo da religião.

Por essa indiscutível aprovação da atitude dos três homens, e espetacular libertação deles, o SENHOR tor­nou perfeitamente claro ao rei que sua ordem nessa questão estava errada; que havia requerido um culto que não tinha o direito de exigir; que ao torná-lo rei das nações o SENHOR não o havia tornado rei na religião do povo; que ao conduzi-lo à liderança das nações, povos e línguas, DEUS não lhe havia dado ser líder da religião mesmo de um único indivíduo; que conquanto o SENHOR houvesse trazido todas as nações e povos sob o jugo do rei quanto a seu serviço político e físico, esse mesmo SENHOR havia indiscutivelmente demonstrado ao rei que não lhe havia confe­rido poder nem jurisdição de qualquer maneira que fosse quanto ao serviço de suas almas; que conquanto em to­das as coisas entre nação e nação, e entre homem e homem, todos os povos, nações e línguas haviam-lhe sido dadas para servi-lo e DEUS havia-o tornado governante sobre eles todos; contudo o rei não podia ter nada a ver com as relações entre cada homem e DEUS; e que na presença dos direitos da pessoa individual, em consciência e culto "a palavra do rei" deve mudar, o decreto do rei é nulo; que nisso mesmo o rei do mundo é apenas um nin­guém, pois aqui somente DEUS é soberano e tudo em todos.

E para a instrução de todos os reis e todos os povos para sempre, tudo isso foi feito naquela dia, e foi escrito para nossa admoestação, a quem os fins dos tempos são chegados.

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO 2

 

LIBERDADE RELIGIOSA

EM VISTA DA SUPREMACIA DA LEI

 

A potência mundial e império de Babilônia foi-se para sempre; e outro tomou o seu lugar -- o poder e império da Medo-Pérsia. Aqui estava outro princípio de governo, e aqui é dado ao mundo outra lição em liberda­de religiosa.

No Império medo-persa os princípios de governo eram diferentes dos de Babilônia.

Babilônia, como vimos, era não somente uma monarquia absoluta, mas uma autocracia--governo de um só homem, um absolutismo de um único indivíduo. A palavra do rei era a lei, e a lei era mutável segundo a von­tade e a palavra do rei mudavam. O rei era a fonte da lei, sua palavra era a lei para todos os outros; mas quanto a si próprio não havia restrição da lei.

O governo medo-persa era também uma monarquia absoluta. Ali, também, a palavra do rei era a lei; mas com uma diferença fundamental quanto a Babilônia--uma vez a palavra do rei era emitida como lei, essa lei não podia ser mudada nem contrariada pelo próprio rei. O rei mesmo ficava preso contra si próprio, por sua própria palavra ou decreto que outrora se tornara lei. O governo da Medo-Pérsia, portanto, era um governo de lei, seus princípios eram a supremacia da lei.

Como cabeça da administração dos negócio desse império havia três presidentes, dos quais Daniel era o primeiro. Devido ao conhecimento, integridade, habilidade, e valor geral de Daniel na administração, o rei tinha em mente "estabelecê-lo sobre todo o reino". Tornando-se isso conhecido despertou os ciúmes dos outros dois presidentes e dos príncipes; e eles conspiraram para pô-lo abaixo.

Primeiro buscaram "ocasião para acusar a Daniel" a respeito de sua conduta nos negócios do império. Mas após longa e diligente busca, e o escrutínio mais detalhado, foram obrigados a suspender seus esforços e con­fessar que nunca achariam "culpa alguma . . . nenhum erro, nem culpa" porque "ele era fiel".

"Disseram, pois, esses homens: Nunca acharemos ocasião alguma para acusar a este Daniel, se não a procurarmos contra ele na lei do seu DEUS". Mas não podiam achar ocasião nenhuma contra ele com respeito mesmo à lei do seu DEUS, até que eles próprios tivessem primeiro criado uma situação que tornasse inevitável a oportunidade desejada.

Seus longos e incansáveis esforços para encontrar alguma ocasião ou falta contra ele nos negócios do império tinham-nos convencido de sua absoluta devoção e lealdade a DEUS. Através da investigação deles sabiam por experiência que ele não podia de modo algum ser levado a inclinar um fio de cabelo da estreita linha da abso­luta devoção a DEUS. Mas essa era uma questão inteiramente individual, em que não havia qualquer interferência com homem algum em nenhuma maneira. E em sua conduta com relação aos outros e ao Estado, sua própria in­vestigação conscientemente preconceituosa havia demonstrado que ela era na verdade benéfica.

Assim, não havendo terreno possível sobre o qual achar ocasião contra ele, até mesmo no que concerne à lei de seu DEUS, segundo fossem as circunstâncias e condições; e eles, portanto, sendo postos ante a necessidade de realmente criar tal circunstância, a devoção inabalável de Daniel a DEUS tornou-se o meio pelo qual procederi­am. Portanto, armaram um esquema ao qual atraíram todos os oficiais do império, e foram ao rei e disseram: "t rei Dario, vive para sempre! Todos os presidentes do reino, os prefeitos e sátrapas, conselheiros e governa­dores, concordaram em que o rei estabeleça um decreto e faça firme o interdito que todo homem que, por espaço de trinta dias, fizer petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, e não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões. Agora, pois, ó rei, sanciona o interdito, e assina a escritura, para que não seja mudada, se­gundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar". Daniel 6:6-8.

O rei se deixou seduzir por essa proposta lisonjeadora de tão grande número dos mais elevados oficiais do império, e assinou o decreto. Daniel sabia que o decreto havia sido tramado, e que a lei havia sido assinada pelo rei. Sabia que era agora a lei do império--uma lei que não podia ser contornada nem alterada. Não obstante, foi para a sua casa, e ao aproximarem-se os período regulares de oração, três vezes ao dia, "orava e dava gra­ças, diante do seu DEUS". Então, em vista desse aberto desrespeito da lei imperial, apressaram-se até o rei e com muita deferência lhe indagaram: "Não assinaste um interdito. . ." O rei respondeu: "Esta palavra é certa, se­gundo a lei dos medos e dos persas, que se não pode revogar". Então os autores da artimanha relataram: "Esse Daniel, que é dos exilados de Judá, não faz caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste, antes três vezes por dia faz a sua oração".

Então o rei ouvindo isso "ficou muito penalizado, e determinou consigo mesmo livrar a Daniel; e até ao pôr-do-sol se empenhou por salvá-lo". Mas por todo aquele tempo e em toda ocasião o rei era defrontado pelos ardilosos homens com o apelo: "A lei; a lei". "Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum interdito ou decreto, que o rei sancione, se pode mudar". A supremacia da lei restringia o próprio rei; não ha­via escape; e, em meio a grande relutância, "ordenou que trouxessem a Daniel, e o lançassem na cova dos le­ões".

O rei passou a noite em jejum e sem dormir. Mas bem cedo de manhã ele apressou-se à cova dos leões, e "chamou por Daniel com voz triste; disse o rei a Daniel: Daniel, servo do DEUS vivo, dar-se-ia o caso que o teu DEUS, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?"

Daniel respondeu: "t rei, vive para sempre! O meu DEUS enviou o seu anjo, e fechou a boca aos le­ões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum". E ali ficou demonstrado de modo perfeito e para sempre que a pessoa que desres­peita qualquer lei que afeta o culto a DEUS é inocente perante DEUS, e também não comete "delito algum" ao rei, ou ao Estado, ou à sociedade, ou a qualquer princípio de lei ou governo.

Tudo isso em divina verdade demonstra novamente que nenhum governo terreno pode jamais ter qual­quer direito ou jurisdição em questões de religião, ou seja, no "dever que temos para com o nosso Criador, e na maneira de dele desincumbir-nos". E nesse caso ocorre a demonstração adicional de que nenhum governo pode jamais ter o direito de incorporar na lei provisões que respeitem à religião, e então pleiteie a supremacia e integridade da "lei"; que "não é basicamente uma questão de religião, mas somente de lei", que "não estamos pedindo por observância religiosa, mas somente pedimos respeito à lei". No caso de Daniel e a "supremacia da lei dos medos e dos persas", a resposta divina a todos esses apelos é de que nada pertencente à religião pode jamais por direito ter qualquer lugar na lei.

O direito de perfeita individualidade em religião é de caráter divino e, portanto, um direito absolutamente inalienável. E tornar as observâncias ou proibições religiosas uma questão de lei não afeta o livre exercício desse divino direito. A plenitude do direito, e a perfeita liberdade de seu exercício permanecem sempre os mesmos, mesmo embora a religião seja tornada parte da lei. E quando a religião ou a observância ou proibição religiosa é fixada na lei, conquanto a lei seja suprema e inflexível como a dos medos e persas, o divino direito e perfeita li­berdade da individualidade em religião então se estende à lei que incorpora a religião, e tal lei é simplesmente lei nenhuma. O subterfúgio de impor observâncias ou proibições religiosas sob a capa da "supremacia e integridade da lei", em vez de eliminar ou de algum modo limitar o direito divino e a perfeita liberdade e individualidade em religião, simplesmente reage na extensão de realmente eliminar todo terreno de reivindicação quanto à "suprema­cia e integridade da lei"--na realidade anulando a lei específica no caso.

A lei civil é certamente suprema no campo das coisas civis, mas no campo das coisas religiosas simples­mente não tem lugar em absoluto.

Na presença do divino direito da individualidade em religião, no que se refere a governo autocrático, i­lustrado no rei Nabucodonosor, a palavra do rei deve mudar.

Na presença do direito divino de individualidade em religião, no que se refere à supremacia e inflexibili­dade da lei, ilustrada no governo dos medos e persas, qualquer lei que afeta ou contempla a religião simplesmente não é lei alguma.

O campo da religião é o de DEUS. Nesse campo DEUS somente é soberano, e sua vontade é a única lei. E nesse campo o indivíduo posta-se só com DEUS, sendo responsável somente a ele.

 

CAPÍTULO 3

 

LIBERDADE RELIGIOSA NO QUE

TANGE à UNIÃO DE ESTADO E IGREJA

 

Por fatos bastante notáveis e experiências inquestionáveis, no caso do rei Nabucodonosor e os três jovens hebreus, foi tornado claro para sempre a divina verdade e princípio de que com a religião do povo nenhum mo­narca pode por direito ter nada que ver; de que diante do direito de individualidade em religião, a palavra do rei deve mudar.

Por fatos e experiências correspondentes, no caso do governo medo-persa contra Daniel, foi tornado cla­ra para sempre a divina vontade e verdade e o princípio de que com a religião do povo nenhuma lei, nem qualquer governo por meio da lei, pode por direito ter nada a ver--que diante do livre exercício da individualidade em reli­gião, qualquer lei atinente a religião nada é; e todo indivíduo que ignora e desconsidera absolutamente tal lei é "inocente" perante DEUS, e também nenhum "delito" há ante governo, lei ou sociedade.

Esses dois exemplos e os princípios que ilustram abrangem toda fase do governo terrestre como tal; e assim torna claro a grande e vital verdade de que a religião, com os seus ritos, instituições e observâncias, é to­talmente isenta, e deve ser totalmente isenta, de coerção de governos terrenos de qualquer fase ou forma; que re­ligião, com tudo quanto lhe diz respeito, pertence ao indivíduo somente em suas relações pessoais com DEUS.

Mas há outro meio pelo qual o homem buscou dominar o homem no reino da religião, ou seja, por meio da Igreja através do Estado.

Pessoas chamadas do mundo e separadas do mundo para DEUS são a sua igreja no mundo. Quando DEUS chamou o seu povo para fora do Egito, eles eram primeiramente "a igreja do deserto"; e posteriormente na terra de Canaã eram a igreja ali.

Devido a sua dura cerviz, dureza de coração e cegueira de mente, eles tristemente perderam de vista o grande propósito de DEUS para eles como sua igreja. Contudo, em sua bondade e misericórdia DEUS "suportou sua conduta no deserto", e na terra de geração a geração. Assim, por muitas vicissitudes aquele povo tinha con­tinuado como a igreja até o tempo em que CRISTO, o SENHOR, veio habitar sobre a Terra; e ao longo de todo esse tempo essa igreja foi herdeira das mais gloriosas promessas de um amplo reino e domínio.

Ao tempo em que CRISTO veio à Terra como homem, o domínio e poder de Roma mantinham o povo da­quela igreja em severa e cruel sujeição temporal, e eles ansiavam pelo aparecimento do prometido Libertador. Esse Libertador havia sido abundantemente prometido, e finalmente veio. Mas os grandes da igreja tinham permi­tido que sua ambição mundana ocultasse seus olhos da espiritualidade do reino e do domínio que tinha sido prome­tido; e buscaram, e ensinaram as pessoas a aguardar um libertador político e temporal que desfaria o jugo de Roma, quebraria o seu poder e exaltaria a igreja do povo escolhido a uma posição de poder e domínio sobre as nações, correspondente ao que por tanto tempo havia sido mantido pelas nações sobre a sua.

Quando JESUS primeiro apareceu em seu ministério público, esses grandes da igreja foram com as multi­dões que se reuniam em torno dele e o ouviam com interesse, e esperavam que ele cumprisse suas expectativas. Mas quando viram o interesse e entusiasmo das multidões alcançar o ponto em que "queriam forçá-lo a ser rei", e quando viram que JESUS, em lugar de aceitar a honra ou incentivar tal projeto "retirou-se do meio deles", viram também nisso que todas as suas ambiciosas esperanças de libertação do domínio de Roma, e de exaltação sobre as nações, eram inteiramente vãs no que dizia respeito a JESUS.

Por esse tempo a influência de JESUS junto às pessoas havia se tornado tão ampla e forte que os líderes eclesiásticos viram que o poder deles sobre as pessoas estava rapidamente desaparecendo. Em lugar de verem cumpridos ou sancionados seus ambiciosos planos e esperanças de poder e domínio mundanos, viram com desâ­nimo que o poder e influência que desfrutavam junto ao povo estava em grande parte solapado; e isso devido a um homem nascido de grande obscuridade, que procedia de uma cidade da menor reputação e que, quando muito, era somente um membro particular da igreja! Algo precisava ser feito, e bem depressa, para preservar o lugar e dig­nidade deles. Era manifestamente tarde demais para pensar em ordená-lo não pregar ou ensinar; por aquele tempo sabiam muito bem que não somente ele, mas as próprias multidões, não dariam atenção a quaisquer proibições dessa natureza. Mas havia uma saída--um meio pelo qual manter sua posição e dignidade, e assegurar o poder deles sobre ele e o povo. Na opinião deles sobre si próprios e sua posição era algo muito fácil tornar sua posição e dignidade idênticas não só com a posição mas com a própria existência da igreja e mesmo da própria nação. Nes­se propósito, eles concluíram: "Se o deixarmos assim todos crerão nele; depois virão os romanos e tomarão não só o nosso lugar, mas a própria nação". E "Desde aquele dia resolveram matá-lo". João 11:47,53.

Mas sujeitos como estavam à autoridade romana, não lhes era legal pôr homem algum à morte. Portanto, para realizar o seu propósito tinham que conseguir o controle do governo ou autoridade civil. Não importava que tal autoridade fosse romana; e não importava que essa autoridade romana, que odiavam acima de todas as coisas terrenas, e que não podiam, sob hipótese alguma, reconhecer; tudo isso devia ser esquecido na presença da terrí­vel alternativa de verem desaparecer o seu lugar e dignidade e poder na igreja.

Na igreja, os fariseus e herodianos postavam-se em polos opostos. Os herodianos eram assim chamados por serem partidários de Herodes. Eram os apologistas de Herodes em sua posição de rei da Judéia. Mas sendo Herodes rei somente por designação direta de Roma, e permanecia e se mantinha como rei pelo poder de Roma, ser alguém partidário e apologista de Herodes significava ser ainda mais partidário e apologista de Roma.

Os fariseus constituíam os exclusivamente justos da igreja. Eles representavam o partido extremo da igre­ja. Como tais, eram os conservadores da pureza da igreja, os representantes da mais verdadeira lealdade a DEUS e da antiga dignidade do povo escolhido. Como tais eram os dissidentes mais extremistas e contrários a Roma e de tudo quanto fosse de Roma ou tivesse qualquer ligação com Roma.

Mas os fariseus, como os exclusivamente justos e os de mais elevada dignidade, eram os que tinham a maior hostilidade contra CRISTO, e assumiram a liderança nos conselhos e planos para destruí-lo. E a fim de reali­zarem o seu propósito de levá-lo à morte, precisavam da cooperação do poder secular, que era somente Roma. Portanto, a fim de cumprir seu propósito contra JESUS, eles iriam passar por alto seu ódio de Roma, e utilizariam para seu propósito contra JESUS o próprio poder de Roma de que, por sua profissão, eram os oponentes e contesta­dores mais extremados.

O meio pelo qual superariam esse abismo até Roma para assegurar o poder secular era o de encontrar temas comuns junto aos herodianos. Os herodianos, sendo apenas menos opostos a JESUS do que eram os fariseus, estavam prontos para a aliança. Mediante essa aliança o partido político estaria consoante com os fariseus, e a in­fluência e poder políticos daquele partido estaria sob o comando dos líderes eclesiásticos. Isso lhes asseguraria o emprego de força militar, de que deviam valer-se para realmente garantir seus declarados movimentos contra JESUS.

A aliança foi estabelecida, e a conspiração formada: "Retirando-se os fariseus, conspiravam logo com os herodianos, contra Ele, em como Lhe tirariam a vida". Marcos 3:6. "Então, retirando-se os fariseus, con­sultaram entre si como O surpreenderiam em alguma palavra. E enviaram-Lhe discípulos juntamente com os herodianos", "emissários que se fingiam de justos para verem se O apanhavam em alguma palavra, a fim de entregá-Lo à jurisdição e à autoridade do governador". Mateus 22:15,16; Lucas 20:20. E esse governador era o romano Pilatos.

Quando finalmente chegou o tempo, naquela terrível meia-noite no Getsêmani, quando Judas tinha em sua companhia "uma turba com espadas vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo", Ele lhes foi entregue e preso.

Tendo-O sob o domínio, levaram-No a Anás primeiro. Anás remeteu-O a Caifás, e Caifás enviou-O a Pilatos, o governador romano. Pilatos O enviou a Herodes, o qual, "com os da sua guarda" reduziu-O a nada e Dele zombou, apresentando-O trajado numa vistosa vestimenta e remetendo-O a Pilatos novamente. E quando Pi­latos O quis libertar, eles emitiram sua nota política derradeira de lealdade a César e a Roma, mesmo acima da lealdade do próprio Pilatos a Roma. "Se soltas a Este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é con­tra César".

Pilatos apresentou este último apelo: "Hei de crucificar o vosso rei?" somente para obter como resposta as expressivas palavras de seu final abandono de DEUS, e mais completa união com Roma. "Não temos rei, senão César" "Crucifica-O! Crucifica-O!" "Eles instavam com grandes gritos pedindo que fosse crucificado. E o seu clamor prevaleceu".

Assim, o mais portentoso crime em toda a história do universo foi cometido, e isso foi tornado possível e cometido mediante a união do estado e igreja--a igreja em controle do poder secular, empregando esse poder para tornar eficaz sua ímpia vontade e propósito.

E esse terrível fato somente é suficiente para assegurar perpétua e infinita condenação, e lançar à eterna infâmia, todas as ligações semelhantes para sempre. Com tal registro na primeira oportunidade em que se deu, não é absolutamente estranho que essa mesma coisa de união de estado e igreja--a igreja em controle do poder secular--deva ter provado e precise jamais provar a maior maldição aos homens e nações onde quer que seja acha­do em todo o tempo.

Assim, deveras fica inteiramente demonstrado que "o poder secular tem-se comprovado um dom satâ­nico para a igreja".

 

CAPÍTULO 4

 

LIBERDADE RELIGIOSA NO QUE

TANGE À PRÓPRIA IGREJA

 

Vimos que nenhum governo monárquico tem qualquer direito de impor alguma observância religiosa; e que quando um poder desses o faz, o direito à individualidade na religião é supremo, e a palavra do monarca deve mudar.

Também descobrimos que nenhum governo em que a lei é suprema tem qualquer direito de acrescentar à legislação do reino qualquer estatuto, decreto ou provisão que abranja religião; e que quando tal coisa é feita, o direito da individualidade na religião permanece supremo, e a inocência perante DEUS, e a perfeita isenção de cul­pa perante o governo, a lei e a sociedade são achadas naquele que desrespeita tal lei.

Descobrimos que a igreja não tem direito de controlar o poder civil para a execução de sua vontade ou promoção de suas metas; e que quando o faz, uma conexão de máxima iniqüidade é formada, somente um dom satânico está de posse de tal igreja, e o direito de individualidade em religião é ainda supremo e para ser livremen­te exercido.

Há ainda outra combinação por meio de que o domínio do homem em religião tem sido buscado; trata-se da própria igreja--a igreja no que se relaciona com sua membresia. E sobre esta, seja em princípio, em fatos de notável experiência, a Escritura não é menos explícita do que em qualquer outros dos exemplos oferecidos sobre este assunto.

Já se relatou como Israel, quando libertado do Egito, foi a primeira "igreja do deserto" e posteriormente na terra de Canaã; e que esse mesmo Israel nos dias de CRISTO sobre a Terra, conquanto em espírito e substância ficasse tão aquém do ideal divino para eles, contudo de fato era ainda a igreja em direta descendência.

A organização oficial dessa igreja era também ainda de fato a mesma em descendência direta. O sacerdó­cio--os principais dos sacerdotes e os sumo-sacerdotes--em ordem e sucessão, eram a continuação direta na suces­são da ordem estabelecida pelo SENHOR mediante Moisés no deserto. O concílio oficial da igreja--o Sinédrio--era também em sua idéia e forma descendente dos setenta anciãos designados pelo SENHOR por intermédio de Moisés no deserto. Assim, nos dias de CRISTO sobre a terra, a organização inteira de Israel--, o sacerdócio e o grande con­cílio--era em forma e em fato diretamente descendente da organização divina estabelecida pelo SENHOR mediante Moisés no deserto; e era verdadeiramente a igreja descendente daquela no deserto.

Os apóstolos do SENHOR e os discípulos originais de JESUS eram todos, sem exceção, membros dessa igre­ja. Eles tomavam parte igualmente com outros nos serviços e cultos daquela igreja. Eles foram ao templo e para o templo, com todos os demais para adorar nas horas regulares; e ensinavam no templo. Atos 2:46; 3:1; 5:12. E as pessoas alegravam-se de que assim fosse, e a aprovação de DEUS em grande medida estava sobre eles todos.

Mas aqueles apóstolos e discípulos haviam aprendido algo e conheciam a verdade divina de que os desta­cados da igreja não conheciam e não reconheceriam; e sabendo isso eles a iriam declarar. Portanto, pregavam a JESUS e a ressurreição, e a salvação mediante Ele, e de que não há outro meio--aquele mesmo JESUS sobre quem a ordem oficial e organização da igreja tinham "agora sido os traidores e homicidas". Portanto, essa ordem e or­ganização oficial da igreja assumia o ofício e prerrogativa de decidir que aqueles membros individuais da igreja não deviam pregar nem ensinar essa verdade que sabiam tratar-se da verdade.

Nesse sentido, os sacerdotes e as autoridades do templo prenderam a Pedro e João, pondo-os na prisão, quando tinham ido ao templo na hora da oração, e o homem paralítico tinha sido curado mediante fé no nome de JESUS, e Pedro havia pregado àquelas pessoas ali reunidas em admiração. Então, na manhã seguinte, toda a ordem e organização oficial da igreja--os dirigentes, os setenta anciãos, os escribas, os sac